domingo, 1 de agosto de 2010

single estreia no Citemor . dias 29 e 30 de Julho na sala B

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O Imperador Haile Selassie reina na Etiópia, soberano, entre 1930 e 1974.

Vive com a sua corte e estabelece rotinas. O protocolo, o guarda-roupa, os carros. Seguindo um horário rigoroso, audiências, nomeações, denúncias. O tempo dedicado aos animais de estimação: leões, leopardos, panteras, aves do paraíso, flamingos, um papa-formigas. O Imperador é único, como o Sol. Um cargo é uma honra. Ser Ministro da Pluma, Ministro das Finanças, Reverendo Tesoureiro. Ser responsável por abrir as portas pelas quais o Imperador passa, ou por colocar uma determinada almofada debaixo dos seus pés em função da altura de cada trono. Ser Chefe do Serviço Áulico de Espionagem, Imperial Body Guard, Grande Mordomo da Corte, Funcionário de Protocolo nos cortejos. Limpar o xixi do lulu dos sapatos dos dignitários para que eles possam continuar a agir imperturbáveis, não denunciando qualquer incómodo.

O povo passa fome. Tornam-se públicos os benefícios concedidos pelo Ministério do Alto Privilégio. Sabe-se da existência de avultadas contas bancárias do Imperador em bancos estrangeiros. Em 1969, há uma revolta estudantil. Dizendo agir “em nome do Imperador”, o exército junta-se ao movimento de renovação oposicionista. Entretanto, o regime avança nos planos de uma barragem no Nilo “em nome do progresso”. Os dignitários vão sendo detidos, desertificando-se a corte. Os que restam organizam-se em sessões de ginástica (pequenos grupos, para evitar detenções em massa) e iniciam-se os preparativos para a grande festa do 82º aniversário do Imperador. Nesse dia chove. Decorre o ano de 1974. A Comissão Militar Provisória destrona o Imperador, que se limita a afirmar: se a revolução for boa para o povo, concordo com ela.

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singular: pertencente ou relativo a um só; individual; único; particular; especial; notável; extraordinário; raro; invulgar; esquisito; excêntrico; original; designativo do número que indica uma só pessoa, animal, ou coisa.

história: evolução da humanidade, narração de factos sociais, políticos, económicos, militares, etc., relativos a um ou mais países; sucessão natural desses mesmos acontecimentos; estudo da origem e do progresso de uma ciência ou arte; narrativa; conto; descrição; biografia; estudo do passado, seja qual for a natureza desse passado, cientificamente elaborado; estudo do passado das sociedades humanas, ou esse próprio passado.

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direcção Jorge Andrade . a partir de O Imperador de Ryszard Kapuściński e de “Cell Block, Egospheres, Self-Container: The Apartment as a Co-Isolated Existence” de Peter Sloterdijk . com Anabela Almeida, Bruno Huca, Flávia Gusmão, Jorge Andrade, Marco Paiva, Miguel Damião, Pedro Gil e Tânia Alves . cenografia e figurinos José Capela . som Rui Lima e Sérgio Martins . execução de figurinos históricos Guilhermina Rocha Gomes . direcção de produção Manuel Poças . co-produção Citemor . apoio Teatro Nacional D. Maria II . ZDB . Adidas . Letra Livre

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agradecimentos Daniel Worm . Elisabete Leite . Fernando Alvarez . Joana Botelho . Manuel João Ramos . Maria do Carmo . Maria H. Capela . Maria João Vicente . Sofia Sousa

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A mala voadora é uma estrutura financiada pelo Ministério da Cultura / Direcção Geral das Artes.

A mala voadora é uma estrutura associada da Associação Zé dos Bois (ZDB).

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