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direcção Jorge Andrade . tradução e apoio
dramatúrgico Fernando Villas-Boas . assistência de encenação
David Cabecinha . cenografia José Capela, com fotografias de José Carlos
Duarte . figurinos José Capela . desenho de luz Daniel Worm D'Assumpção
. música original Rui Lima e Sérgio Martins . com Anabela
Almeida, Carla Bolito, Carlos António, David Cabecinha, David Pereira Bastos,
João Vicente, João Villas-Boas, Jorge Andrade, Manuel Moreira e Marco Paiva . apoio
coreográfico Marco da Silva Ferreira fotografia de cena José
Carlos Duarte imagem de divulgação Isaque Pinheiro: Bagagem de mão, 2009
(fotografia de Silvana Torrinha) . vídeo
de divulgação Jorge Jácome e Marta Simões . produção Manuel Poças e
Joana Costa Santos . assessoria gestão/programação Vânia Rodrigues . co-produção
mala voadora e São Luiz Teatro Municipal residência O Espaço do
Tempo apoio Depósito da Marinha Grande, Martins Alves Decorações,
Servilusa, Sporesgrime, Teatro Nacional Dona Maria II, Teatro Nacional de São
Carlos, Teatro Nacional São João agradecimentos António MV, Comuna
Teatro de Pesquisa, Escola Superior de Teatro e Cinema, Fábio Nogueira, Luís
Teixeira, Mariana Tengner Barros, Ruptura Silenciosa, Rute Carlos, Teatro da
Garagem, Teatro Instável, Teatro Praga . A mala voadora é
uma estrutura financiada pelo Governo de Portugal / Secretário de Estado da
Cultura / Direcção-Geral das Artes, e associada d'O Espaço do Tempo e da
Associação Zé dos Bois.
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A mala voadora faz um Hamlet – a partir da versão que chegou até nós com o epíteto “mau quarto”.
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Não somos uma companhia de teatro de repertório. Mas gostamos de “peças”. Com a mesma convicção com que não nos limitamos a elas. As peças, das mais ancestrais às “a estrear”, são mais uma matéria-prima – uma matéria que manipulamos com a liberdade que nos parecer favorável ao espectáculo (o texto ao serviço do espectáculo e não o espectáculo ao serviço do texto). Nunca vimos qualquer pertinência em sacralizar o “texto” e, como nos explicou Fernando Villas-Boas, Shakespeare também não.
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É a primeira vez que fazemos um Shakespeare. Talvez não tenha acontecido antes devido à nossa desconfiança em relação à ideia de “clássico”. Mas gostamos verdadeiramente desta peça, cheia de teatro: a companhia de teatro incluída na narrativa, uma peça (falsamente!) citada dentro da peça, Hamlet encenador, um pai que encena a própria filha que se encena para o pai, um conjunto de personagens que, com uma curiosa manha, encenam situações e representam papéis, umas para as outras. Para além da meta-teatralidade que daqui resulta, ou de um possível propósito auto-reflexivo que em Hamlet possa cumprir-se, o que verdadeiramente nos interessou foi a possibilidade, designadamente lúdica, que a peça oferece de potenciar o exercício de “fazer de conta”.
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A mala voadora faz um Hamlet – a partir da versão que chegou até nós com o epíteto “mau quarto”.
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Não somos uma companhia de teatro de repertório. Mas gostamos de “peças”. Com a mesma convicção com que não nos limitamos a elas. As peças, das mais ancestrais às “a estrear”, são mais uma matéria-prima – uma matéria que manipulamos com a liberdade que nos parecer favorável ao espectáculo (o texto ao serviço do espectáculo e não o espectáculo ao serviço do texto). Nunca vimos qualquer pertinência em sacralizar o “texto” e, como nos explicou Fernando Villas-Boas, Shakespeare também não.
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É a primeira vez que fazemos um Shakespeare. Talvez não tenha acontecido antes devido à nossa desconfiança em relação à ideia de “clássico”. Mas gostamos verdadeiramente desta peça, cheia de teatro: a companhia de teatro incluída na narrativa, uma peça (falsamente!) citada dentro da peça, Hamlet encenador, um pai que encena a própria filha que se encena para o pai, um conjunto de personagens que, com uma curiosa manha, encenam situações e representam papéis, umas para as outras. Para além da meta-teatralidade que daqui resulta, ou de um possível propósito auto-reflexivo que em Hamlet possa cumprir-se, o que verdadeiramente nos interessou foi a possibilidade, designadamente lúdica, que a peça oferece de potenciar o exercício de “fazer de conta”.
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Na mala voadora.porto, o Ballet Contemporâneo do Norte estreia 'Conspurcados', de Joclécio Azevedo (até 29 de março)..
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“Conspurcados” lida com a noção da procura de emancipação ao domínio das aparências. Corpos conspurcados, corpos impuros, corpos abjectos, corpos na iminência de se deixarem consumir pela voracidade das imagens que produzem. Há talvez também algo de belo na atracção pelo excesso, pela procura de limites, pelo processo de interrogação daquilo que cada corpo projecta para o exterior, como se estivessem todos imersos num jogo de identidades deterioradas à procura de uma possível reconstituição.
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A possibilidade da escolha entre aceitar-se, rejeitar-se ou tornar-se indiferente a si próprio constitui o cerne desta espécie de jogo ou confronto entre interior e exterior, onde as possíveis fronteiras diluem-se na entrega do corpo ao acto de jogar e ao acto de interagir com os outros, com o espaço, com as imagens ou memórias despertadas.
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No fundo o importante é tentar sobreviver ao jogo, reinscrever-se no mundo, recuperar o prazer de possuir um corpo, todo ele feito de dilemas.
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Joclécio Azevedo
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