Negócio (spot de artes performativas da ZDB): Rua de O Século, nº 9, porta 5
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O Imperador Haile Selassie reina na Etiópia, soberano, entre 1930 e 1974.
Vive com a sua corte e estabelece rotinas. O protocolo, o guarda-roupa, os carros. Seguindo um horário rigoroso, audiências, nomeações, denúncias. O tempo dedicado aos animais de estimação: leões, leopardos, panteras, aves do paraíso, flamingos, um papa-formigas. O Imperador é único, como o Sol. Um cargo é uma honra. Ser Ministro da Pluma, Ministro das Finanças, Reverendo Tesoureiro. Ser responsável por abrir as portas pelas quais o Imperador passa, ou por colocar uma determinada almofada debaixo dos seus pés em função da altura de cada trono. Ser Chefe do Serviço Áulico de Espionagem, Imperial Body Guard, Grande Mordomo da Corte, Funcionário de Protocolo nos cortejos. Limpar o xixi do lulu dos sapatos dos dignitários para que eles possam continuar a agir imperturbáveis, não denunciando qualquer incómodo.
O povo passa fome. Tornam-se públicos os benefícios concedidos pelo Ministério do Alto Privilégio. Sabe-se da existência de avultadas contas bancárias do Imperador em bancos estrangeiros. Em 1969, há uma revolta estudantil. Dizendo agir “em nome do Imperador”, o exército junta-se ao movimento de renovação oposicionista. Entretanto, o regime avança nos planos de uma barragem no Nilo “em nome do progresso”. Os dignitários vão sendo detidos, desertificando-se a corte. Os que restam organizam-se em sessões de ginástica (pequenos grupos, para evitar detenções em massa) e iniciam-se os preparativos para a grande festa do 82º aniversário do Imperador. Nesse dia chove. Decorre o ano de 1974. A Comissão Militar Provisória destrona o Imperador, que se limita a afirmar: se a revolução for boa para o povo, concordo com ela.
singular: pertencente ou relativo a um só; individual; único; particular; especial; notável; extraordinário; raro; invulgar; esquisito; excêntrico; original; designativo do número que indica uma só pessoa, animal, ou coisa.
história: evolução da humanidade, narração de factos sociais, políticos, económicos, militares, etc., relativos a um ou mais países; sucessão natural desses mesmos acontecimentos; estudo da origem e do progresso de uma ciência ou arte; narrativa; conto; descrição; biografia; estudo do passado, seja qual for a natureza desse passado, cientificamente elaborado; estudo do passado das sociedades humanas, ou esse próprio passado.
direcção Jorge Andrade . a partir de O Imperador de Ryszard Kapuściński e de “Cell Block, Egospheres, Self-Container: The Apartment as a Co-Isolated Existence” de Peter Sloterdijk . com Anabela Almeida, Bruno Huca, Carloto Cotta, Flávia Gusmão, Hugo Bettencourt, Jorge Andrade, Marco Paiva e Tânia Alves (participaram na concepção do espectáculo Miguel Damião e Pedro Gil) . cenografia e figurinos José Capela . luz João d’Almeida . som Rui Lima e Sérgio Martins . fotografia no postal José Carlos Duarte . execução de figurinos Guilhermina Rocha Gomes . produção Manuel Poças . co-produção mala voadora e Citemor . apoio Teatro Nacional D. Maria II, Adidas e Letra Livre . agradecimentos Carmo Carvalho, Elisabete Leite, Fernando Alvarez, Joana Botelho, Manuel João Ramos, Maria H. Capela, Maria João Vicente e Sofia Sousa
A mala voadora é uma estrutura financiada pelo Ministério da Cultura / Direcção Geral das Artes.
A mala voadora é uma estrutura associada da Associação Zé dos Bois (ZDB).
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Single é apresentado no Negócio no âmbito da residência de que resultará 3D, com estreia em Janeiro.
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